qual a sua cor?


E lá finalmente estava ela na minha frente. O local estava cheio de gente a cantar, falar alto, fumar, rir, beber e tudo o que eu via era ela. Já tinha ouvido falar delas várias vezes por pessoas diferentes. Eu também queria ter o prazer de conhece-la. E quando esse dia chegou, era como se eu estivesse vendo uma entidade na minha frente. Havia algo de diferente na energia, aura, ou seja lá o que for que ela carregava. Estava sempre a sorrir e conversava olhando dentro dos nossos olhos. Eu gostava disso. Era presente. Realmente ouvia e esperava a sua hora de falar. Era educada mas não era boba, sabia se posicionar.
Ao decorrer do tempo quando comecei a ficar um pouco mais próxima, pude ouvir um pouco das ideias que tinha, sobre seres de outros planetas, sobre energias, sobre a terra e esse tipo de coisa, me encantava e eu poderia ouvi-la falar por toda a eternidade.

Se tinha alguém que eu venerava, sim, era ela. A colocava num pedestal como se fosse intocável e inalcançável. Ela era a perfeição que andava sob a terra. Um ser iluminado muito mais evoluído que qualquer um de nós.

Anos depois, ela começou a ter umas ideias absurdas, e a se revoltar com tudo. Havia uma força de raiva e também de cegues. Começou a atacar as pessoas que nada tinham feito. Vieram insultos e palavras ditas que jamais imaginei que sairia daqueles lábios. Primeiro veio o choque, depois o horror e for fim a desilusão.
Eu havia colocado alguém no pedestal. Como assim ela não era perfeita???? Que absurdo!!!!!

Descobri depois que ela estava passando por uma fase difícil e havia entrado em surto, por isso fez vários discursos de ataque, raiva e insultos. E depois da desilusão que senti, senti vergonha de mim mesma. Como eu podia ser tão ingênua e má?
Ela era apenas um ser humano com todo o direito de errar, de sofrer e de sentir raiva, afinal, quem era eu pra determinar que uma pessoa era perfeita? ninguém.
Aprendi ali a nunca mais colocar ninguém em pedestal nenhum, eu não tinha esse direito. Ninguém tem que se submeter a nenhuma expectativa minha.
Caiu a ficha de quem alguém poderia fazer o mesmo comigo, e senti horror.
Se eu mesma me decepciono, imagina aos outros.

Um dia recebi a mensagem de um conhecido, ele dizia que não queria uma vida parecida com a minha, ele literalmente queria ser eu, em pele e osso. Será que ele sabia o que isso queria dizer? que ser eu não seria apenas ter essa cara e esse corpo mas também os meus traumas?

Amo o conceito de anjos e demônios porque é isso que somos.
As vezes sinto que somos seres que nascem na luz do amanhecer em tons de rosa, e também vagueamos pela escuridão da madrugada. Como se tivéssemos esse poder de fazer muito bem esse papel em qualquer um dos cenários. E as vezes somos seres que transitam no crepúsculo. No meio dos anjos e demônios. Entre o céu e a terra.

Ah…. as nossas nuances.

– Qual a cor do seu abraço?
– Laranja.
– E qual a cor do seu beijo?
– As cores do arco iris.
– Me lembrou sorvete napolitano.
– Hm, e você gosta de sorvete napolitano?
– Gosto, me lembra a infância. Onde tudo era mágico.
– Abraços, beijos e olhares ainda podem ser mágicos.
– Teu abraço poderia ter cheiro de céu?
– De céu e nuvens.
– E teu olhar poderia me levar para passear?
– Onde gostaria de ir?
– Para um lugar desconhecido.
– Quer ir agora?
– Sim.

Qual tua cor e melodia nesse exato momento?

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